ELECTRIFICAÇÃO RURAL

A electrificação rural é uma medida de política estratégica na inclusão social, que serve para promover o desenvolvimento humano, o bem-estar dos angolanos e que é factor determinante para o desenvolvimento harmonioso do território nacional.

Em Angola prevê-se a electrificação rural em 3 modelos de implementação:

1. Electrificação rural por extensão da rede
2. Electrificação por sistemas isolados
3. Electrificação por sistemas individuais

DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO POR TIPO DE LIGAÇÃO

A electrificação rural permite o aumento das oportunidades de criação de riqueza, desenvolve as forças produtivas e gera emprego para os homens e mulheres no meio rural.

1. ELECTRIFICAÇÃO RURAL POR EXTENSÃO DA REDE

O modelo seleccionado de expansão de rede prevê já inúmeras redes de distribuição fora das grandes áreas urbanas, essencialmente para electrificar sedes de município. Através deste modelo de expansão, prevê-se a electrificação de 174 locais que representam cerca de 5% da população angolana.
A extensão da rede fora das grandes áreas urbanas permitirá electrificar a maioria das sedes de município num total de cerca de 1,7 milhões de angolanos. O mapa da figura ilustra todas as sedes de município que serão ligadas à rede eléctrica, incluindo as sedes fronteiriças que são abastecidas a partir da Namíbia.
O modelo de electrificação proposto assenta principalmente na construção de subestações de 60kV a partir de subestações existentes ou planeadas de 220kV. Estas subestações localizam-se normalmente em sedes de município que constituem por sua vez pontos de partida quer para ligar outras sedes de município, quer para estender redes rurais.
Acresce que a ligação à rede reduz significativamente os custos de fornecimento a estas redes de distribuição, facilitando o envolvimento do sector privado.

ELECTRIFICAÇÃO DAS SEDES DE MUNICÍPIO FORA DAS GRANDES ÁREAS URBANAS POR EXTENSÃO DA REDE ELÉCTRICA

2. ELECTRIFICAÇÃO POR SISTEMAS ISOLADOS

Está prevista a electrificação de 31 locais com recurso a sistemas isolados, que representam apenas 1% da população. Estes locais são preferencialmente abastecidos através de mini-hídricas competitivas e, quando estas não existam, por geradores diesel e sistemas solares.
A proximidade de uma determinada sede de município a uma mini-hídrica competitiva, para essa dimensão de consumo, reduz os ganhos que se poderiam obter por interligar o consumo à rede nacional e altera em várias situações a racionalidade económica de interligar esse local.
O atlas da energia hídrica permitiu avaliar de forma preliminar cerca de 100 locais identificados pelo Ministério de Energia e Águas. As mini-hídricas com menores custos de produção foram redimensionadas e reavaliadas para a carga das sedes de município e respectivas redes rurais mais próximas. Dessa avaliação resultou a selecção de 7 mini-hídricas com potencial para abastecer 9 sedes de município em sistemas isolados (ver mapa). Adicionalmente, identificou-se uma média hídrica no rio Cuango com elevado potencial e que poderá electrificar quatro municípios onde vivem mais de 300.000 pessoas enquanto não se implementa a ligação entre o sistema norte e o sistema leste.
Cerca de 21 sedes de município apresentam custos unitários de ligação à rede elevados, pelo que deverão ser electrificadas através de sistemas isolados assentes em diesel e com algum apoio solar que permita reduzir os custos de combustível.

Finalmente, optou-se por testar o conceito de sede de município 100% solar – com tecnologia fotovoltaica e baterias - no local com maior racionalidade económica face aos elevados custos de transporte do diesel: a sede do Município de Rivungo no Cuando Cubango. Em caso de sucesso esta solução poderá ser estendida a outras sedes distantes e com bom recurso solar.

MAPAS DOS SISTEMAS ISOLADOS

3. ELECTRIFICAÇÃO POR SISTEMAS INDIVIDUAIS

Este modelo compreende a criação de “aldeias solares” ou pequenas redes locais em sedes de comuna e povoações com mais de 3.000 habitantes. As “aldeias solares” constituem uma solução intermédia que presta um serviço moderno de energia às infraestruturas comunitárias, tais como escolas, postos de saúde, administração e iluminação pública das vias principais. As pequenas redes locais poderão ser desenvolvidas através da dinamização da iniciativa privada. A Estratégia Nacional para as Novas Energias Renováveis prevê uma meta de 500 aldeias solares até 2025, apresentando-se no mapa da figura 22 a localização proposta para as aldeias solares.
Algumas povoações remotas poderão beneficiar de lanternas solares e fogões melhorados. O mapa apresenta ainda as povoações remotas para as quais não é técnica ou economicamente viável a ligação à rede ou o desenvolvimento de sistemas isolados.

MAPAS DAS LOCALIZAÇÕES PROPOSTAS PARA INSTALAÇÃO DE "ALDEIAS SOLARES" E ÁREAS RURAIS DISPERSAS