OUTRAS TÉRMICAS

A geração de energia com base em fontes térmicas é hoje garante do funcionamento do sistema eléctrico angolano. O menor investimento e maior rapidez de instalação, quando comparado com a alternativa hidroeléctrica, tem permitido responder - ainda que de forma insuficiente - ao crescimento do consumo. No entanto, a utilização de gasóleo para abastecimento destas centrais resulta em elevados custos de operação sem reflexo nas tarifas cobradas aos clientes eléctricos.
A entrada em funcionamento do terminal de gás natural do Soyo vem permitir ao sistema eléctrico aceder a um combustível de menor custo e menores emissões: o gás natural. Até 2017 o principal crescimento na geração térmica instalada no país resultará da central de ciclo combinado do Soyo com 720 MW, prevendo-se que o gás venha a representar quase 50% da potência térmica instalada (ver gráfico abaixo).
Os fortes investimentos em curso ao nível da geração hidroeléctrica e das redes de transporte permitirão reduzir significativamente o nível de utilização das fontes térmicas de maior custo. No entanto, o crescimento do consumo e a variabilidade do regime hidrológico de Angola implicarão não só a manutenção de muitas destas centrais - a operar num regime de funcionamento mais intermitente – mas também a construção de nova capacidade térmica no horizonte 2025.
Assim sendo, é imprescindível identificar e ponderar as opções mais adequadas e competitivas para a geração térmica em Angola, quer com base em gás natural, quer com base noutros combustíveis alternativos.

DISTRIBUIÇÃO DA POTÊNCIA TÉRMICA PREVISTA PARA 2017 POR TECNOLOGIA

GERAÇÃO TÉRMICA INSTALADA EM 2017 – SEGUNDO PLANO DE ACÇÃO

 

Alternativas térmicas e optimização das centrais existentes

A competitividade e interesse das diferentes opções térmicas resulta da sua estrutura de custos:

  • Por um lado, o custo variável de operação – dependente da fonte primária, seu custo e eficiência da sua conversão em electricidade;
  • Por outro, o custo fixo e flexibilidade da tecnologia de conversão.

O gráfico abaixo apresenta os preços subsidiados e não subsidiados das principais fontes primárias disponíveis – conforme publicado pelo Governo em 2014 – e também das fontes viáveis no horizonte 2025.
O gás natural do Soyo entregue em estado gasoso à saída do terminal Angola LNG, devido ao arranjo contratual existente, é a fonte térmica mais económica.
O coque que resultar da nova refinaria e o carvão – a preço internacional – constituem as fontes primárias mais económicas após o gás do Soyo. No entanto, os elevados custos fixos, a reduzida flexibilidade de operação, bem como as reduzidas eficiências na conversão tornam esta alternativa mais cara que o gás e pouco adequada a um sistema com elevado peso de hidroelectricidade. Admite-se no entanto que o coque que vier a ser produzido possa ser utilizado ao nível do auto-consumo da nova refinaria e/ou para abastecimento local.

CUSTO VARIÁVEL DOS DIFERENTES TIPOS DE ENERGIA PRIMÁRIA

O GNL produzido pelo terminal Angola LNG é actualmente a alternativa mais económica para as turbinas em ciclo aberto existentes, prevendo-se a conversão de cerca de 300 MW existentes no horizonte 2025. A conversão da totalidade das turbinas poderá não se justificar devido à menor utilização de algumas delas e aos investimentos necessários.
O fuel óleo pesado (HFO) é uma alternativa com custos competitivos – que Angola produz em maior quantidade do que consome - que pode ser utilizada nos cerca de 400 MW de motores diesel de média rotação instalados em Angola (conforme tabela da figura 39). A necessidade de investimento no pré-tratamento e aquecimento do fuel-óleo limitam o interesse da conversão quando a utilização destas centrais é reduzida. No entanto, no caso das centrais existentes com espaço e onde é possível a conversão e uma logística de fornecimento de fuel óleo, a conversão tem um rápido retorno, razão pela qual foi considerada.
O Diesel, GPL e JetB são alternativas actualmente caras para produção de electricidade. A facilidade de armazenamento e maior disponibilidade tornam o diesel na alternativa mais viável para soluções de reserva ou “backup”, bem como para abastecimento dos sistemas isolados no horizonte 2025. Também o GPL, que passará a ser produzido no terminal do Soyo, pode verificar uma redução significativa do custo para o país podendo constituir uma alternativa ao diesel para as referidas soluções de reserva ou “backup” em turbinas. Finalmente, a utilização de JetB no sector, pelo seu elevado preço, deve ser eliminada.
 

TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉCTRICA