TRANSPORTE
Transporte e interligações
A Rede Nacional de Transporte (RNT) continuará a crescer após 2017 e interligará em 2025 todas as capitais de Província do país. Parte significativa da rede de Muito Alta Tensão está já prevista no Plano de Acção, pelo que o ritmo de crescimento da RNT no período 2018-2025 será menor e com maior enfoque nos 60kV necessários para apoiar a electrificação rural.
Passar-se-á dos 2.850 km de linhas eléctricas existentes no ano de 2013 (linhas de 60, 220 e 400kV) para os 16.350 km em 2025. O número de subestações da RNT também aumentará de 36 em 2013 para 152 em 2025, registando-se um forte crescimento das subestações de 60kV (gráficos da figura abaixo). No mapa seguinte é possível ver a evolução prevista da RNT, sobreposta com o mapa de desenvolvimento territorial da estratégia Angola 2025. Verifica-se que a rede acompanhará preferencialmente os corredores de desenvolvimento, mostrando um forte alinhamento entre o sector eléctrico até 2025 e a Estratégia Angola 2025.
EVOLUÇÃO DO COMPRIMENTO E NÚMERO DE SUBESTAÇÕES DA RNT
MAPA DA RNT EM 2025 E CORREDORES DE DESENVOLVIMENTO
São de realçar os seguintes investimentos na RNT pós 2017:
- Novo corredor a 220kV, com linha dupla, entre o norte e o leste. A opção pelos 220kV deve-se à necessidade de garantir redundância e segurança n-1;
- Um corredor a 400kV do Queve em direcção a sul à Namíbia passando por Benguela e Lubango – completando uma espinha dorsal norte-sul a 400kV. Este novo corredor aproximar-se-á do litoral criando flexibilidade para no futuro escoar geração ligada a um eventual novo local de abastecimento de gás;
- Um novo eixo de 220kV para reforço do abastecimento a Menongue;
- O fecho em anel das antenas a 220kV do sistema norte, unindo M’banza Congo e Maquela do Zombo.
ESQUEMA UNIFILAR DO SISTEMA DE TRANSPORTE DE ENERGIA ELÉCTRICA ANGOLA ENERGIA 2025 - Simulação ANAREDE
Interligações
A interligação de Angola à rede regional da SADC é importante face à forte aposta na hidroelectricidade. Em anos hidrologicamente favoráveis Angola terá excesso de energia que ou terá de exportar ou desperdiçar. Em anos “secos” a possibilidade de importar energia em vazio das centrais de carvão da África do Sul permitirá ajudar o sistema nas horas de vazio a custos mais baixos.
Em termos de interligações com países fronteiriços, prevêem-se as seguintes a implementar até 2025:
- A norte, 3 ligações à República Democrática do Congo: entre o Soyo e o Inga a 400kV; entre Cabinda e o Inga a 220kV e entre Luachimo e Kananga também a 220kV;
- A sul, 2 ligações à Namíbia: via Baynes a 400kV, via Ondjiva, que ficará ligada à rede a 60kV;
- Acrescem as ligações fronteiriças à Namíbia para fornecimento a Calueque, Cuangar, Calai e Dirico.
A ligação à República Democrática do Congo permitirá reforçar a segurança energética de Cabinda e, dependendo dos prazos de concretização do Inga, exportar energia para a cidade de Kinshasa. No leste a ligação a Kananga ajudará a reforçar a estabilidade do sistema.
A Namíbia, a Sul, constitui um potencial cliente, em particular nos meses com menos produção hídrica – devido à importância de Ruacaná. Acresce que a Namíbia está fortemente interligado com a região constituindo um elo de ligação à África do Sul, ao Zimbabwe e à Zâmbia. A central hidroeléctrica de Baynes, a desenvolver de forma conjunta, constitui o ponto natural de interligação a 400kV.
Propõe-se ainda um novo eixo opcional a desenvolver em HVDC para a zona do “Copper Belt” na Zâmbia. Todavia, só se prevê que este eixo seja desenvolvido se viabilizado por iniciativa privada. Nesta óptica, Angola disponibilizaria aos promotores do projecto a possibilidade de construírem a central hídrica do Túmulo do Caçador e uma central de ciclo combinado no Lobito.
MAPA DAS INTERLIGAÇÕES E REDES DE TRANSPORTE REGIONAIS
Utilização da RNT e interligações
A figura demonstra a utilização da RNT de forma simplificada num ano hidrológico médio, em particular a direcção principal dos fluxos de energia entre os principais nós da rede, o volume de energia transportado e a taxa de utilização dos diferentes corredores. Em cada nó é calculado o custo marginal de geração ao longo do ano – que será maior quanto mais restrições se verificarem no transporte.
O corredor a 400kV assume uma importância estrutural no transporte de energia em 2025, sendo neste nível de tensão que circula a maior parte da energia: O maior fluxo de energia ocorre do Soyo e das centrais do Kwanza em direcção a Luanda, não se verificando restrições;
A ligação a 400kV entre o norte e o centro e entre o centro e o sul apresenta uma maior taxa de ocupação verificando-se um aumento do preço marginal da geração à medida que nos deslocamos para sul.
Ao nível dos corredores de 220kV destaque para o corredor entre as Jambas e o sistema sul (Lubango e Menongue) que será utilizado em pleno, bem como para o corredor entre o norte e o leste com elevada taxa de utilização.
Constata-se que as diferenças de preço entre os vários nós não são significativas com excepção do sistema sul, leste e cabinda onde se verificam preços superiores. Esta aproximação dos preços e as reduzidas restrições nos corredores são indicadores que o sistema estará próximo de se comportar como uma rede única e interligada. As interligações permitirão exportar em ano médio e, no caso do sul, importar energia em anos secos durante as horas de vazio.
SIMULAÇÃO DOS FLUXOS E PREÇOS MARGINAIS EM ANO MÉDIO (GTMAX)
Luanda
No caso de Luanda, verifica-se que os investimentos previstos para 2017 permitem sustentar o crescimento da carga da cidade até 3,3 GW, com excepção da subestação de Viana.
Em 2025, segundo as simulações realizadas, a electricidade que circula na tensão de 400kV em direcção a Luanda terá tendência para fluir em direcção a Viana, ultrapassando em muito a capacidade de transformação 400/220 kV aí disponível caso não se verifiquem novos investimentos.
Com vista a evitar este problema, até 2025, serão implementadas um conjunto de medidas para minimizar e gerir a pressão sobre a Subestação de Viana no futuro:
- Criação do andar de 400kV na subestação de Cacuaco para Seccionamento da linha 400kV Kapary – Catete;
- Substituição e ampliação da transformação de Viana 400/220kV para 2 x 450 MVA;
- Criação de novas Subestações a 220kV no centro da cidade – em particular em Chicala aproveitando a nova autoestrada e no Zango.
DETALHE DA RNT EM LUANDA EM 2025